30 setembro 2001

Dos sabores que provei
ainda fico a salivar
quando penso no abricot:
o teu gosto faz lembrar.

14 setembro 2001

Ar de Infância

Memória de cheiros e ares
Balanço de corda, quintais
Fumaça de lenha queimada
Pão caseiro, parreirais

Estrada de chão batido
Eucaliptos, favos de mel
Destinos sem pressa nenhuma
Juras de amor no papel

Domingos festivos -de praxe-
Despedidas, solidão
Alento de avós maternos
Colos e cantos em alemão

Páscoas da busca dos ninhos
Pinheiros brilhando Natais
Adega embaixo do assoalho
Segredos e músicas medievais

Prosa, mate, cadeira de balanço
Óleo em tela das mãos teatrais
Papoulas cobrindo canteiros
Puras quimeras imortais

Sabores de infância, saudade
Tempos guardados virando pó
Retratos se quebram, amarelados
Dos sonhos, lembranças, e só.

12 setembro 2001

Onde está meu norte
onde está meu rumo
se perdi o leme
se fiquei sem prumo?

Fragmentos, retalhos
partes desencontradas
Que fiz eu de mim
vazia morada?

10 setembro 2001

De tempos em tempos
nem tempo
de ser
terás
E o tempo
nem tempo
terá
pra te ver
passar
E sem tirar
nem pôr
o tempo
virá
levando
o melhor
do seu tempo
pra lá
deixando
do tempo,
temporais.

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Estremeço
quando sinto
que sem ti
adoeço.
___________

Não moro
me enamoro
namoro
na morada
da namorada.
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A chuva alaga
encharca
e até mata
Só não afoga
essa mágoa
entranhada.