31 julho 2001

Soltas idéias soltas
Éticas óticas
poéticas caóticas
volúpias eróticas
sensos tensos
penso no sens
síntese antítese
fatos toscos
tatos rotos
eros eras
meras quimeras
feras ferozes
auras auroras
parcas farpas
almas flamas
claras clamas
transas tramas
traumas dramas
tálamos bálsamos
tânatos sândalos
súplicas públicas
ânimos ávidos
hálitos alibis
hábitos fálicos
colos cálidos
cálices pálidos
peles pêlos
poros puros
amaras amoras
amores amaros
gemidos temidos
trêmitos frêmitos
ânsias dúbias
dúvidas súbitas
surtos soltos
sábios lábios
lúcidos lúbricos
falas falos
falam calam.
___________

In blues
(Para Badaró e Elyza, de
Os Anjos de Badaró - Mario Prata)


Amantes sedentos
luz desmaiada
vinho rubro
blues candente
balanço sensual
mãos que se buscam
rhythm in blues
corpos se roçam
dançam carícias
hálitos excitam
trocas ardentes
peles se tocam
sussurros picantes
rhythm in blues
pupilas dilatam
bocas se encontram
salivas doces
beijos cegos
fôlegos trôpegos
doida paixão
rhythm in blues
música entorpece
vinho entontece
coração endoidece
noite desfalece
corpo estremece
que tudo recomece
rhythm in blues.

26 julho 2001

Sorriso nos olhos...

Olhar risonho
passeia na tela
viaja nas letras
divaga e sonha
Quem sabe só riso
nem sonhos
nem vagos
são olhos risonhos
parados no tempo
Sorriso largo
sorriso meigo
fugindo da boca
encontrando o olhar.
___________

Bate coração
não bate
que dói
coração que bate.
___________

Vens tens
Vinhas vinhos
Vim tens.

25 julho 2001

Um olhar profundo

Parado no tempo
num ponto distante
mergulha no ar...
Sem riso, sem nexo,
remoto, cansado,
pungente, sozinho,
se deixa admirar.
Perturba, consome,
quem dera pudesse,
tal gota de orvalho,
fazê-lo brilhar!
___________

Meio dia
meio noite
meio rosto
meio fronte
um perfil
um sorriso
um olhar, ou meio?
Meia-luz
luz e meia
quase noite
entremeia
meia imagem
prateia!
___________

Penso se vou
Penso se fico
Penso em não ir
Ou se não fico
Se penso, não vou
Se não penso, fico!
Fixo o olhar
E com o olhar fixo
Calo o pensar
E com o pensar, fico.
___________

O tom da palavra
Palavra escrita:
falta o tom da palavra dita
falta o peso
do olhar que fita

Palavra escrita:
falta o gesto do aceno
falta o som
de um grito obsceno

Palavra escrita:
falta o suor ofegante
falta o murmúrio
do beijo amante.

Palavra escrita:
guarda a alma que nela fala
guarda o gozo
que dela exala

Palavra escrita:
guarda o tema que nela encerra
guarda o segredo
que aos olhos revela

Palavra escrita:
guarda emoções em letras frias
guarda o prazer
que a leitura sacia.

Palavra escrita:
guarda vidas minhas e vidas tuas
guarda mistérios
que a letra perpetua.

09 julho 2001

Meu querer

Meu querer é mais que um querer por querer
é querer pra te ter
é querer pra sonhar
é querer pra renascer
é querer pra se encontrar
é querer para ser
é querer pra sentir
é querer para amar
é querer pra sorrir
é querer pra se dar
é querer pra viver
é querer pra se alegrar
é querer pra não morrer.
___________

Beijo beijado
Beijo
- desejado
imaginado
fantasiado
sonhado
esperado
ansiado
insinuado
procurado
tentado
negado
adiado
convidado
buscado
provado
saboreado
adocicado
enroscado
devorado
sugado
molhado
demorado
descontrolado
escandalizado
suado
arrebatado
apaixonado-
beijado!
___________

I n d o
    e

o b n i v

nosso amor é de recomeços.
___________

O vento
Tu passas com pressa
tu passas voando...
Não pareces com pássaro,
pareces com o vento

O vento que chama,
que canta e que geme
Me fala de amores,
clama... clama!

Pudera ouvir-te
quisera seguir-te
Me busca, me leva
nas asas seguras

Faz do teu grito
a minha cura
Liberta minh'alma
me faz pura!
___________

Se...
Nem sei se me queres,
mas sei que te amo!
Te quero inteiro,
clamo!

Se restam pedaços,
se ficam as dores,
Teu beijo na boca,
sabores!

Se mentes ou foges,
se finges paixão
Teu corpo na pele,
tesão!

Se falas ou calas,
se é falso o sorriso,
teus olhos te traem,
paraíso!
___________

Superbu
Fiquei na ponta dos pés
não alcancei tua boca
cheguei a morder as nuvens
tua altivez me põe louca!
___________

Que amor é esse?
Que amor é esse que invade, se instala, se apossa e domina?
Que amor é esse que entristece, soterra, sufoca e silencia?
Que amor é esse que se alastra, se entranha, insiste e perdura?
Que amor é esse que promete a vida e traz o amargo sabor da perda?
Que amor é esse que não finda, não alivia, não parte e não se deixa esquecer?
Que amor é esse que endoidece, tumultua, estremece e hipnotiza?
Que amor é esse que renasce quando fraco, reacende ao despedir-se e retorna a cada partida?
Que amor é esse que não suporta a lembrança, grita a presença e chora a distância?
Que amor é esse que se sabe impossível, mas se faz teimoso, presente e imenso?
Que amor é esse que encanta, faz sonhar, mas traz angústia e dor?
Que amor é esse que avança os limites, esquece a vergonha e brinca com o ridículo?
Que amor é esse que se vê sozinho e nem assim desiste?
Que amor é esse?
Amor gourmet

Desejos ardentes
saciados à beira do fogão
rolávamos ofegantes
no piso frio da cozinha
Beijos misturados
ao cheiro morno do feijão
nem lugar, nem padrão,
nosso amor tinha.
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Desamor

Por que me vens assim de manso,
falando tão frio e vazio, sem encanto?
Sinto no ar um tom machucado,
quase magoado que esconde teu pranto
Estou enganada, vendo fastasmas,
sonhando acordada?
Não, amor meu, é meu coração que avisa
e me diz que ainda sofro com tua chegada.
Assim como vens, te vais de repente,
sem nada dizer, me fazendo pensar
que minhas palavras, sem mesmo que eu queira,
te fazem penar.
Queria te dizer, jurar meu amor
que tanto me agita e corrói
Mas sofro calada, apertando no peito
esta louca paixão que tanto me dói!
Queria esquecer e viver novamente
sem ter esta dor
Cometo algum crime por ter aqui dentro
este louco amor?
Não calculei, muito menos pedi
pra te amar tanto assim
É tão grande o que sinto,
não tem início, nem meio, nem fim!
O amor é assim mesmo, não escolhe momento,
nos vem de repente
Transforma o sossego num turbilhão
e devasta tudo, como um furacão
Nos deixa sem riso, cobertos de dor,
em só desencantos
Quisera esse amor diferente,
alegre, sem mágoas, nem prantos
Mas ele me vem solitário, sem eco, sem chance
E te leva pra longe, muito além do meu alcance.
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Atrevimento

Cheguei tarde, amor, bem sei!
Mas o desejo me fez te buscar!
Nos poetas, as rimas não achei
Pra dizer o quanto queria te amar!

Atrevida (e quanto!) estes versos dedilho
Driblando palavras travessas e picantes
Pra não te deixar com rubores de filho
Não digo -só penso- loucuras de amantes

Meu desejo me inspira e provoca
Aguça a libido, me tira do sério
Queria um louco beijo na tua boca,
Poder te amar sem limites, sem mistério.
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Ainda escuto o que dizias

Te assustei com um amor imenso
Fugiste, correndo de mim!
Em tuas juras ainda penso
Como esquecer um amor assim?

Ainda sofro com o que dizias
Com tua voz que sempre amei:
"Sou louco por ti!" -(mentias?)
Pois eu, louca, acreditei!

Na música queria encontrar-te
Cantando e dizendo pra mim
Que a mais ninguém queria entregar-te,
Só ao meu doido amor, sem fim.

Dançamos na noite, na lua.
Te amei como a ninguém,
Ao som da música fui tua;
Dançavas comigo também?

Nas despedidas, um beijo...
Pedias que sonhasse contigo.
Como não atender ao teu desejo
Se estavas sempre aqui, comigo?

Ouviste sempre calado
Minhas falas e juras de amor
Melhor não tivesse falado:
Te perdi, fiquei com a dor.

Por que esse amor insiste?
Sufoca e me aflige assim?
Quem sabe um dia desiste
E devolve a vida pra mim?
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Ponto de fuga
Foge-me:
dura penitência!

Teu olhar:
fatal sucumbência!
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Amo
    Amoras

      Amora

    Amoramos

      Amorais

    Amoram

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Acordo
não acordo
desacordo
desacordado
acordo
acordado.

06 julho 2001

Desejo de ti

Teus olhos... me perco
de verde a castanho
(a luz há de dizer!).
Teu cheiro inebria,
envolve e convida.
Teu toque estremece,
enrubesce e perturba.
Teu abraço incendeia,
entorpece e escraviza.
Tua boca mordida,
invadida; fonte de delícias
encontro de línguas.
Libido selvagem
Desejos pulsantes
Apelos insanos
Sentidos vorazes
Sonhos desfraldados
Corpos suplicantes
na nudez se tragam,
devoram-se e se entregam
num vôo solto, sem rédeas.
Murmúrios, gemidos
Ofegantes carícias
percorrem os corpos.
Tuas mãos atrevidas
fascinam e encantam:
dádiva profana
que marcam meu corpo
(memória tatuada).
Teu peso em meus flancos:
galopes, cadências
(úmidas volúpias)
cavalgada suada
encharca teu rosto
que escorre e me afoga...
sabor salgado que excita, enlouquece.
Ritmo ardente
Olhares carentes
Mergulho profundo
Paixão flagrada
Salivas trocadas
Som molhado
dos sexos famintos
que abrem caminhos
em busca do céu...
Delírios somados
Razão que falece
Pecado adormece
Despudor que floresce
Temores se perdem
sem culpa, sem dor
O tempo não conta,
espera (cúmplice!)
Química mágica
de peles e cheiros
Explosão desejada!
Gritos, delírios
Aurora boreal!
Deleite alcançado
Fluidos transbordam
Instante supremo.
Sussurros de amor
recheiam o espaço
Felicidade, torpor...
Latejos ritmados
Espasmos de prazer
Poros inflados
Corpos transcendem.
Desejos saciados...
aromas no ar.
Gestos lentos, cansados,
afagos, sorrisos
Silêncio quebrado,
rhythm in blues...
lábios prometem:
- te quero outra vez!

04 julho 2001

Estou
    c

      a

        in

        d

          o

de
amores
por
você!
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Nem isso...
Horas escoam
Um só pensamento
Desejos insanos
Espera infinda
Palavras em prosa
Inútil tentativa
Você não me crê...
se esquiva.
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Musiquando
Música...
invade.
Sonho...
sonhado.
Frio...
saudade.
Prece...
inútil.
Amor...
empoeirado.
Viver...
esqueci...
Esquecer...
de ter te amado.