09 julho 2001

Amor gourmet

Desejos ardentes
saciados à beira do fogão
rolávamos ofegantes
no piso frio da cozinha
Beijos misturados
ao cheiro morno do feijão
nem lugar, nem padrão,
nosso amor tinha.
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Desamor

Por que me vens assim de manso,
falando tão frio e vazio, sem encanto?
Sinto no ar um tom machucado,
quase magoado que esconde teu pranto
Estou enganada, vendo fastasmas,
sonhando acordada?
Não, amor meu, é meu coração que avisa
e me diz que ainda sofro com tua chegada.
Assim como vens, te vais de repente,
sem nada dizer, me fazendo pensar
que minhas palavras, sem mesmo que eu queira,
te fazem penar.
Queria te dizer, jurar meu amor
que tanto me agita e corrói
Mas sofro calada, apertando no peito
esta louca paixão que tanto me dói!
Queria esquecer e viver novamente
sem ter esta dor
Cometo algum crime por ter aqui dentro
este louco amor?
Não calculei, muito menos pedi
pra te amar tanto assim
É tão grande o que sinto,
não tem início, nem meio, nem fim!
O amor é assim mesmo, não escolhe momento,
nos vem de repente
Transforma o sossego num turbilhão
e devasta tudo, como um furacão
Nos deixa sem riso, cobertos de dor,
em só desencantos
Quisera esse amor diferente,
alegre, sem mágoas, nem prantos
Mas ele me vem solitário, sem eco, sem chance
E te leva pra longe, muito além do meu alcance.
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Atrevimento

Cheguei tarde, amor, bem sei!
Mas o desejo me fez te buscar!
Nos poetas, as rimas não achei
Pra dizer o quanto queria te amar!

Atrevida (e quanto!) estes versos dedilho
Driblando palavras travessas e picantes
Pra não te deixar com rubores de filho
Não digo -só penso- loucuras de amantes

Meu desejo me inspira e provoca
Aguça a libido, me tira do sério
Queria um louco beijo na tua boca,
Poder te amar sem limites, sem mistério.
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Ainda escuto o que dizias

Te assustei com um amor imenso
Fugiste, correndo de mim!
Em tuas juras ainda penso
Como esquecer um amor assim?

Ainda sofro com o que dizias
Com tua voz que sempre amei:
"Sou louco por ti!" -(mentias?)
Pois eu, louca, acreditei!

Na música queria encontrar-te
Cantando e dizendo pra mim
Que a mais ninguém queria entregar-te,
Só ao meu doido amor, sem fim.

Dançamos na noite, na lua.
Te amei como a ninguém,
Ao som da música fui tua;
Dançavas comigo também?

Nas despedidas, um beijo...
Pedias que sonhasse contigo.
Como não atender ao teu desejo
Se estavas sempre aqui, comigo?

Ouviste sempre calado
Minhas falas e juras de amor
Melhor não tivesse falado:
Te perdi, fiquei com a dor.

Por que esse amor insiste?
Sufoca e me aflige assim?
Quem sabe um dia desiste
E devolve a vida pra mim?
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Ponto de fuga
Foge-me:
dura penitência!

Teu olhar:
fatal sucumbência!
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Amo
    Amoras

      Amora

    Amoramos

      Amorais

    Amoram

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Acordo
não acordo
desacordo
desacordado
acordo
acordado.

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