03 agosto 2004


Me leva
...na dança
....na vida
.....no colo
......na cama

Me faz
...bailarina
....concubina
.....criança
......mulher

Me deixa
...voar
....viver
.....feliz
......te amar.


31 julho 2004

Vens cada vez menos
menos saudoso
menos presente
menos interessado
menos amoroso
menos paciente
menos apaixonado
menos disposto
menos vibrante
menos íntimo
menos feliz
menos amante
menos meu.

Ficas cada vez mais
mais apressado
mais alheio
mais crítico
mais estressado
mais sério
mais desatento
mais chateado
mais racional
mais sonolento
mais desencantado
mais implicante
mais mordaz
mais estranho
mais distante.

25 julho 2004

Abri todas as janelas
lavei os vidros e as cortinas
sacudi os tapetes
tirei a poeira dos móveis
troquei os lençóis
enchi a casa de flores
e o sol deixei entrar
espalhou-se pela casa
e parece que espera
como se soubesse
que estás por chegar...

23 junho 2004

Não tenho vício...
Mentira!
Sinto o corpo em sacrifício
Queima em febre, transpira
Sofrimento cáustico
Sintomas de dependência
Diagnóstico:
Síndrome de abstinência
Morfina, ópio nem absinto
Matam a dor que me consome
Sei que é por ti tudo que sinto
E essa doença, amor, tem seu nome.

20 junho 2004

Lamento

De tantos passados mortos
vivemos
De tantos amores perdidos
sofremos
De tantos desejos sublimes
esquecemos
De tantos medos vãos
perecemos
De tantos beijos ardentes
desistimos
De tantos prazeres furtivos
fugimos
De tantos amigos fiéis
duvidamos
De tantas tristezas alheias
corremos
De tantos desmandos insanos
calamos
De tantas verdades pungentes
desviamos
De tantas mentiras bizarras
transbordamos
De tantas paixões fugazes
morremos...

31 maio 2004

Rouba o mar que te rodeia
O verde-mar dos olhos teus
Lambe e apaga dessa areia
De ciúme, os versos meus.

15 maio 2004

Tão branca
    tão simples
    tão pura

Tão alva
    tu'alma,
    candura.

15 fevereiro 2004

Impossível...
Flor sem cor
Sol sem calor
Mel sem sabor
Sofrimento sem dor
Criatura sem criador
Viver sem amor.

10 fevereiro 2004

De nada vale meu pranto
Não ouves meu corpo implodir
Meu ser diz que é desencanto
É meu sonho que vejo ruir

Tua voz denuncia mentiras
E a alegria que tentas conter
Nas palavras que escolhes a dedo
Soa falso teu grande querer.

01 janeiro 2004

Quando foges assim, calado,
Cala em mim uma dor abissal
Silenciosa me faço, distante,
Adoeço, desatino mortal

Numa noite mergulho, agonia,
Estrelas cadentes carregam meus ais
Perco a mim na penumbra vazia
Ao gritar no silêncio: "Não te amo mais!"